Ontem o Copom aumentou a taxa básica de juros para 14,25%a.a. Desde 2006 os juros não se encontram em um patamar tão alto (Histórico aqui). Para conter a inflação, o governo retêm o dinheiro em circulação, prejudicando empreendedores e endividados de plantão……….
Mas pra quem fez o dever de casa, essa é a melhor hora para colher os louros da vitória. É difícil acertar na mosca, mas como as expectativas do mercado apontam pro fim próximo do ciclo de alta dos juros, travar uma taxa de 14,25% a.a. pode ser muito vantajoso.
Hoje se fala muito no Tesouro Direto, mas mesmo com toda essa alta, os títulos oferecidos hoje não se comparam ao que já foram um dia….em 17/5/2002, o Tesouro chegou a oferecer títulos com rendimento atrelado ao IGP-M + 10,84%.a.a, com vencimentos em 2031…..ahhh, se pudéssemos voltar no tempo….30 anos de rentabilidade real elevada, com baixíssimo trabalho e risco.
Pra quem investiu nesses títulos, hoje o mundo são flores….baixe as as tabelas aqui
A nossa economia mudou desde então, cresceu, os políticos entenderam que não se deve desafiar o mercado e arriscar a volta da hiperinflação, e a população tem expectativas de inflação menores. É improvável, portanto, que a contenção da inflação exija uma Selic em 19% a.a., como era na época….
O que fazer então com o meu suado dinheirinho agora??
Hora de ir às compras….
2 fatores são decisivos na hora de escolher onde colocar seus ovos de ouro: objetivo e tempo. Darei 3 exemplos:
1) Se você pretende adquirir um bem de consumo nos próximos meses, como um carro ou uma viagem, o mais indicado é manter a liquidez do dinheiro e surfar na onda dos juros altos, sem arriscar uma perda que não poderá ser recuperada do curto prazo. Qualquer instrumento financeiro atrelado ao CDI ou à Selic cumprem essa tarefa, especialmente os Fundos DI, CDB DI e Tesouro Selic (todos acompanham os juros básicos da economia, e normalmente tem liquidez diária…mas é bom consultar antes).
2) Se você está planejando a compra ou entrada de um apartamento para daqui a 3 ou 4 anos, por exemplo, pode começar a pensar em buscar alguns outros instrumentos, como a LCI do Banco Intermedium (IGPM + 6%) ou o IPCA+2019 e o Prefixado 2018, do Tesouro Direto, se tem mais apetite ao risco. Se tem completa aversão ao risco ou acredita que a inflação e os juros vão continuar a subir, pode manter em DI ou Selic.
3) Se você está planejando a aposentadoria para daqui a 20 ou 30 anos, o Tesouro IPCA + 2035 tem uma rentabilidade real bastante razoável, e alocar uma parte do capital nesse título pode vir a se mostrar uma excelente opção, pois quando a inflação estiver sob controle e os juros voltarem a cair, você terá uma parcela prefixada mais alta (Link: hoje em 6,57%). É claro que, quanto maior o horizonte de tempo, mais risco está atrelado à sua decisão…é muito pior decidir casar com a pessoa errada do que decidir namorar com ela…..
Por que o risco é maior?
O tempo maior implica numa maior possibilidade de eventos acontecerem….outra crise daqui a 10 anos, ou outro atentado terrorista como o 11 de setembro, ou você precisar do dinheiro para um tratamento de saúde, ou para ajudar um familiar, mudanças na regras de tributação do governo…..quanto maior o prazo do seu investimento, mais você estará sujeito a aleatoriedade da vida.
Além disso, os investimentos de renda fixa com rendimentos prefixados estão sujeitos ao risco da subida dos juros. Um CDB prefixado, o Tesouro Prefixado, o IPCA+ ou qualquer outro, perderão valor se os juros subirem, e ganharão se os juros caírem. Os juros atuam da mesma forma que a depreciação, nos ativos prefixados…..quanto maior, pior pra quem já comprou….nada mais natural, você acordou emprestar com um retorno de 10% ao ano…e agora todo mundo está emprestando a 20%….e você está preso naquele contrato……
Eu falei apenas de títulos de mercado de empréstimos…..mas a subida dos juros, ao prejudicar a economia, também traz oportunidade no mercado acionário e de negócios. Mas deixemos a renda variável para um outro post…..
Grande abraço e boa crise a todos!
* para quem não conhece todos os tipos de investimento, também farei um resumão dos instrumentos mais comuns de renda fixa (LCI, LCA, Tesouro Direto e Fundos de Investimento).